terça-feira, 11 de junho de 2013
A casa paterna
A casa era modesta, mas airosa,
erguida à sombra de um pinhal
junto à beira-serra na encosta
com paredes em granito natural.
À porta uma videira moscatel
fazia sombra à entrada sempre franca.
Os armários, forrados a papel.
Na mesa aberta a toalha branca.
O sol entrava livre pela janela
e o luar quando vinha a lua-cheia.
À noite era a luz mortiça de uma vela
ou a luz do azeite puro da candeia.
No lajedo da cozinha, se era inverno,
ardia o fogo vivo de um braseiro.
Suspensa a panela de ferro com três pernas.
No chão, panelas de barro do oleiro.
Havia o orvalho da manhã
e o galo a cantar na capoeira.
Da horta vinha um cheiro a hortelã
e o murmúrio da água, da ribeira.
Havia o chiar dos carros manhã cedo,
puxados pelos castanhos e mouriscos,
e por entre a ramagem do arvoredo
acordavam os melros e os piscos.
Na adega havia os pipos da reserva,
onde o néctar ali jorrava a rodos.
Se na Aldeia o dia era de festa
pela porta franqueada entravam todos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário